Cosmovisão indígena e a relação ética com o ambiente: Pacha mama, Bem Viver e o ecocentrismo

Thiago dos Santos da Silva

Resumo


A América Latina é um espaço de pluralidades e miscigenação, isso permite que vários projetos distintos de vivências sobrevivam de forma coletiva e conjuntamente, sem maiores processos de tentativa de apagamento do outro, salvo exceções. O presente artigo objetiva tratar de uma dessas vivências coletivas, oferecida no trabalho como alternativa ao modelo eurocêntrico, imposto pela colonização, e mantido durante séculos, de modus vivendi. O objetivo principal desse texto é propor a ecosofia do Bem Viver, calcada na cosmovisão indígena dos povos originários ameríndios, como possibilidade ao modelo de Bem-Estar europeu ou, mesmo, ao American Way of Life estadunidense, propondo uma guinada em direção ao ecocentrismo, como superação do capitalismo de acumulação. O problema da pesquisa reside, justamente, na necessidade e superação do capitalismo extrativista, sendo proposto, como hipótese, posteriormente confirmada, o Bem Viver dos povos originários como alternativa. O método escolhido, por conseguinte, foi o hipotético-dedutivo, utilizando a pesquisa bibliográfica como ferramenta, sendo que o trabalho foi dividido em três capítulos, permitindo uma melhor compreensão do tema e do problema de pesquisa. A conclusão do trabalho é a de que a proposta ecosófica do Bem Viver, dos povos ameríndios, se apresenta como alternativa ao modelo social, econômico e jurídico eurocêntrico. É necessário suplantar o capitalismo extrativista de acumulação, direcionando a sociedade latino-americana ao ecocentrismo como modelo e ao Bem Viver como ferramenta.

Palavras-chave


Bem Viver. Cosmovisão indígena. Ecocentrismo. Eurocentrismo. Pacha Mama.

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DOI: https://doi.org/10.5102/rdi.v21i3.9672

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